Aproveitando a incrível (e inútil) habilidade que eu tenho de inventar informações fictícias sobre futebol dos anos 30, 40 e 50 lanço agora o Manual Prático de Como Inventar Informações Falsas Porém Convincentes Sobre o Futebol de Antigamente. Esse manual não será útil, exceto em caso de você freqüentar um bar onde pessoas discutem futebol alucinadamente e você quer sair por cima.
Lição 1 –Times:
Ao escalar o time devem ser observados certos adjetivos, é indispensável dizer: “E o saudoso escrete do (cite o nome do time desejado) de (crie o ano desejado), como jogava aquele time.” Então, logo depois dessa frase vem o momento correto de citar a escalação do time. Não é complexo fale os nomes que vierem à cabeça primeiro, respeitando somente o fato de que não podem ser nomes comuns hoje em dia. Nada de Leonardo ou Ricardo, tampouco Lucas. Uma boa dica é usar o nome dos avôs de seus amigos e do seu avô. Não esqueça também alguns detalhes como o fato de todos os times terem jogadores que eram conhecidos pelo sobrenome, e também nunca se esqueça de colocar “Bigode” e “Prego” na escalação, todos os times da época tinham jogadores com esses nomes. Também é necessário que se cite pelo menos um jogador com prenome e sobrenome, era comum na época e dá credibilidade. Segue um exemplo, criado por mim nesse instante, para ilustrar:
“E o saudoso Botafogo de 38, lembram? Como jogava aquele time. Artur, Silveira, Caetano, Pinga e Rodolfo; Batista, Rogério de Souza, Bigode e Egídio; Otávio e Ademar.”
Lição 2 – Torneios:
Os torneios, bem como os jogadores, tinham nomes esquisitos. Os nomes dos torneios eram em homenagem à pessoas, portanto escolha o nome do que seria um jogador e com a sua criatividade invente torneios disputados como:
Torneio Roberto de Lima Araújo
Copa Sílvio Dias da Rocha
Campeonato Interestadual Paulo Gomes de Brito
Lição 3 – Informações Adicionais:
Todo mundo sabe que entendidos de futebol sabem mais do que nomes de torneios e jogadores, sabem artilheiros, juízes e todo tipo de informação ligada ao jogo, a criação segue o padrão das outras lições, aqui serão expostos exemplos pra que não haja dúvidas:
“E no torneio Basílio Queirós de 43, o Vicente Matos roubou descaradamente a Portuguesa na final.”
“Mas cara pra fazer gol era o Pedro Oliveira, fez 16 gols na Copa Ivo Rezende de 52, artilheiro isolado.”
Lição Extra – Injustiçado:
Essa lição precisa ser lembrada com cuidado pois abusando dela você perde a credibilidade, mas quando estiver perdendo uma discussão lance mão dela, o jogador injustiçado sempre vence as discussões e mostra que você sabe mais do que os outros. É simples, crie um jogador nos moldes escalação (vide lição 1) e diga o seguinte:
“Pois é, mas você sabe o Jair Morais? Lembra dele? O cara jogou no Atlético de Manaus, depois no América de Cuiabá, daí terminou a carreira no São Paulo. Era melhor que o Garrincha e o Pelé. O próprio Garrincha dizia isso quando vivo, o cara era bom de verdade, mas não teve oportunidade, uma pena. Morreu em 78, de cirrose, depois que encerrou a carreira começou a beber, os clubes nem deram bola, parece que o São Paulo tá pensando em homenageá-lo.”
Importante, os jogadores injustiçados sempre morrem de cirrose e esquecidos.
Como pode ver é fácil ganhar discussões inúteis sobre futebol em qualquer bar e parecer convincente.
Ou vocês não se lembram do Palmeiras de 34? O que? Aquele timaço, saudoso, Rezende, Alberto, Prego, Ademar e Nilson; Naílton, Bigode, Castilho e Saldanha; Rogério e Mário Alves, o técnico era o Gilberto de Castro, ganhou a Taça Tancredo Gonçalves de 1933, o Mário Alves foi artilheiro com 21 gols, seriam 22 se o José Carlos Mendonça não tivesse anulado o gol legal dele na semifinal contra o Atlético de Uberaba.
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